Autora: Nicola Yoon
Ilustrações: David Yoon
Editora: Novo Conceito
Páginas: 300
Sinopse:
“Minha doença é tão rara quanto famosa. Basicamente, sou alérgica ao mundo.
Qualquer coisa pode desencadear uma série de alergias. Não saio de casa – nunca
saí em toda a minha vida. As únicas pessoas com quem convivo são a minha mãe e
minha enfermeira, Carla. Estava acostumada com minha vida até o dia que ele chegou.
Pela janela, olho para o caminhão de mudança, e então o vejo. Ele é alto, magro
e veste preto da cabeça aos pés. Seus olhos são azuis como o oceano. Talvez eu
não possa prever o futuro, mas posso prever algumas coisas. Por exemplo, estou
certa de que vou me apaixonar pelo Olly. E é quase certo que será um desastre”.
Confesso
que, a princípio, não me interessei muito pelo livro Tudo e todas as coisas,
romance de estreia de Nicole Yoon. Apesar da capa muito linda, não senti uma
grande curiosidade por esta história. No entanto, após ouvir muitos elogios,
tive que conferir o que as pessoas tanto falavam deste livro. Resultado: fiquei
completamente apaixonada.
Nessa
história, conhecemos Madeline Whittier, uma menina de 18 anos que passou toda a
sua vida sem sair de casa. Diagnosticada com Imunodeficiência Combinada Grave,
ela fica em isolamento quase total, tendo contato apenas com sua mãe e sua
enfermeira, e, ocasionalmente, um professor. Já conformada com sua vida,
Madeline passa os dias lendo, estudando, e se divertindo com a mãe, nas horas
vagas.
Tudo
mundo, no entanto, quando novos vizinhos se mudam para a casa da frente e
Maddy se vê completamente interessada na rotina deles, em especial, no filho
mais velho do casal, Olly. Com a ajuda de sua enfermeira, ela consegue ter
contato com ele, primeiro por e-mails e, depois, com visitas escondidas. Com o tempo, os dois apaixonam e, mais importante, Madeline começa a se
interessar mais pelo mundo fora da sua casa; o mundo que ela nunca havia
conhecido.
“Percebo coisas nas quais não prestava
menos atenção antes. Ouço os pássaros fofocando pela manhã. Vejo os retângulos
da luz do sol que deslizam pelas persianas e abrem caminho pelo quarto ao longo
do dia. Dá para marcar o tempo só por meio deles. Quanto mais eu tento deixar o
mundo do lado de fora, ele parece cada vez mais determinado a entrar”.
O
primeiro ponto que destaco neste livro não é o romance, mas a mudança de Maddy
e os questionamentos que surgem quando ela começa a se envolver com Olly. A
menina estava totalmente conformada com sua vida até aquele momento, mas quando
percebe que há muito mais no mundo, ela começa a se perguntar se vale a pena
viver naquelas condições e se suportaria passar o resto da vida daquele jeito. Para
mim, é neste momento que a personagem se fortalece e a trama se torna mais
interessante. Maddy começa a descobrir o mundo e, até as coisas mais simples e
comuns, se enchem de significado.
Além
disso, como a história é narrada pela protagonista, fica fácil simpatizar com
ela e entender todo o sofrimento da menina. Imagina passar uma vida inteira
presa dentro de casa, sem poder ver o mundo, ter contato com outras pessoas, ou
sentir o calor do sol? Só de pensar, já dá para saber que seria, no mínimo,
sufocante. Deste modo, não podemos culpar Maddy por querer se aventurar e
enfrentar os limites impostos por sua doença. Ao contrário, torcemos o tempo
todo para que ela consiga viver plenamente, fora da proteção da sua casa.
E
o que dizer do Olly? Gentil, carinhoso e inteligente, ele é extremamente
cativante, o que torna completamente compreensível que Maddy se apaixone por
ele. No entanto, ao contrário do que eu esperava, há mais nesse personagem do
que o mocinho perfeito, romântico e idealizado. Olly tem toda a liberdade que
Maddy não possui, no entanto, sua história não é mais fácil que a dela. Com uma
família completamente desestruturada, ele carrega um peso muito grande, ainda
mais considerando se tratar de uma pessoa tão jovem. Deste modo, à medida que o
conhecemos melhor, fica mais fácil compreendê-lo e admirá-lo.
Me
encantei também com a escrita de Nicola Yoon. A narrativa deste livro flui
muito bem; trata-se de uma leitura envolvente, daquelas que fazem a gente
perder a noção. A história, aparentemente simples, traz reflexões profundas
sobre a vida e o amor, mas com uma leveza que encanta.
Outro
destaque é a beleza da edição e diagramação deste livro. Além da capa
encantadora e muito diferente, encontramos lindas ilustrações feitas por David
Yoon (marido da autora), que contribuem para a história e deixam ainda mais
evidente o cuidado na edição do livro.
Só
me resta dizer que Tudo e Todas as Coisas superou muito minhas expectativas. Me
encantei com Maddy e Olly, tanto na sua trajetória como casal quanto no seu amadurecimento
pessoal. Fui arrebatada pelas reflexões que esse livro traz sobre a vida e pela
sensibilidade da autora em tratar sobre assuntos muito difíceis sem perder a
leveza. Em resumo, recomendo esta leitura por se tratar de uma história sobre o amor (em várias formas), a vida, o
crescimento e a descoberta do mundo.